- Ana, Ana...
- Me deixa dormir um pouco mais...
- Levanta garota... o mundo já começou pra milhões de pessoas, sabia?
- Danem-se as pessoas... Me deixa em paz.
-Desde quando você se tornou arrogante com sua mãe?
A luz invadia meu quarto, minha mãe abriu as cortinas e a janela também... O barulho da rua e das buzinas era música para meus ouvidos... Obrigada deus bizarro pela poluição!
- Que horas são?
- Quase 9 da manhã.
Nossa! A facul... Prometi ao Bruno que iria. Levantei depressa, fui ao banheiro, lavei o rosto, me olhei no espelho e lembrei-me dele... Maurício. É inevitável não se lembrar daquele sorriso todas as manhãs... Por que você fez isso comigo? Idiota! Desgraçado! Meus olhos foram molhados por lágrimas, mas por que isso me dói tanto? Afinal é apenas mais um caso... Será que eu amo aquele idiota? Não... Claro que não amo... O que me dói é o descaso, é a naturalidade com que ele me magoa. Minhas mãos deslizaram pelo meu rosto, me perco nas lembranças daqueles beijos. Por alguns segundos viajei para os braços de Maurício, até que me lembrei da ligação de Victor... Ainda continuo me questionando... Será que foi uma boa idéia pedir algo a alguém tão arrogante? Ana! Agora não há tempo pra isso!
- Mãe, já to saindo, não me espere pro almoço, vou comer algo na facul mesmo... Ah! Não me espere nem para o jantar, acho que vou demorar.
- Ai ai ai Ana... Você precisa dar mais atenção a seu pai.
- Sim, sim... Amanhã vou passar à tarde com ele.
Fui saindo... Se eu ficasse ali mais um minuto, minha mãe não ia papar mais de falar... Ela sempre me cobra... Cobra atenção, boa notas, bom comportamento... Como se eu fosse ainda uma criança... Talvez seja assim neh? Pais nunca vêem seus filhos crescidos. Por hoje eu não vou obedecer às regras da minha mãe... Vou de moto... Preciso sentir o vento batendo no meu rosto.
Cidade... Pessoas... Marionetes da vida... A moto em alta velocidade, vento na cara, olhos atentos, pensamentos perdidos, mão firme no acelerador, os prédios passando, os carros passando, as pessoas passando... A v-i-d-a passando... Eu passando por ela. Cheguei à facul... O corredor como sempre... Gente pra todo lado... Um dia normal... Até que... Af! Hum...
-Qual foi cara? Ta achando que eu sou o que?
Dois idiotas discutindo, um era um babaca que eu nunca vi antes e outro era o carinha da cadeira... Sim, sim... O tal filósofo que tratei mau outro dia.
-Qual foi o que? Foi você que saiu da sala correndo.
Eh! Acho que preciso pedir desculpas, fui grossa sem motivos.
- O que? Tá me dizendo que eu sou o culpado?
Olha só o tipo desse outro playboy... Isso não vai ficar assim, eu não tenho sangue de barata.
- Colocando um idiota no lugar dele. - Repliquei com raiva e de pé atrás dele. Ele se virou, me olhou dos pés a cabeça... Confesso! Ele tinha um olhar lindo! Mas eu mantive a pose, caminhei e me coloquei ao lado do tal filósofo.
- Eu vi quando você esbarrou nele. – Eu continuei o encarando.
-A donzelinha precisa de defesa de uma mulher?
O clima ficou tenso entre os dois eu segurei o filósofo e o puxei pelo braço.
- Não se iguala a ele. Vem comigo!
Olhei para trás e o tal cara ainda me encarava, é claro que eu o encarei... Além de um babaca ele era lindo e tinha um olhar abrasador! Continuei puxando o outro e me afastei daqueles olhos.
- Qual o seu nome? – Perguntou o garoto.
- Ana... Ana Clara. E o seu?
- Álvaro.
- Hum! Eh! Desculpa por ter sido grossa outro dia. Eu não estava num dia legal!
Ele parou... Brecou... Ficou imóvel... Eu voltei meus olhos para os dele e perguntei.
- O que foi... Não vai me desculpar.
Álvaro segurou minha mão... E sussurrou.
- Não! Não se eu não puder elogiar seu sorriso novamente.
Eu sorri para ele... Álvaro era mesmo gentil.